A corrida tecnológica pelos carros voadores

Neste momento, mais de uma dezena de projetos de carros voadores estão em desenvolvimento ao redor do mundo, numa corrida tecnológica que envolve grandes players da indústria automotiva e de tecnologia. Na semana passada duas notícias aqueceram este mercado: o governo japonês anunciou a criação de um supergrupo industrial para criar um carro voador e a Uber divulgou o Brasil está entre os primeiros países que poderão receber serviço UberAir, que será implantado a partir de 2023 (também estão concorrendo Austrália, Índia, Japão e França).

Dentro de cinco anos, “os clientes da Uber poderão apertar um botão e obter um voo sob demanda com a UberAir em Dallas, Los Angeles e em um terceiro mercado internacional”, informou a empresa. “Para tanto, montamos uma rede de parceiros que inclui fabricantes de veículos, incorporadores imobiliários [para desenvolver os “pontos de taxi”], desenvolvedores de tecnologia e muito mais”, completou a Uber, que tem a Embraer como um de seus parceiros na plataforma Uber Elevate, como já informado aqui no Usinagem-Brasil.

A princípio, o supergrupo montado pelo governo japonês contará com 21 empresas e organizações, entre elas Uber, Boeing, Airbus, NEC, Cartivator (startup ligada à Toyota), ANA Holdings, Japan Airlines e Yamato Holding. De acordo com o ministro da Economia do Japão, o governo irá auxiliar essas empresas a desenvolver todo o conceito de carros voadores e criar regras aceitáveis para a produção e utilização desses veículos (a exemplo dos aviões, os carros voadores precisarão conseguir a aprovação de diversas agências reguladoras antes que possam ser liberados para venda).

Segundo a imprensa internacional, “como o Japão demorou para iniciar o desenvolvimento de carros elétricos e de veículos autônomos, o governo do país acredita que é necessário fazer todo o possível para que o país não se atrase também no desenvolvimento de automóveis voadores”.

AUDI-AIRBUS - Outros fortes concorrentes nessa corrida são a Audi e a Airbus. Há cerca de dois meses, o governo alemão concedeu às duas empresas autorização para o início dos testes de carros voadores nas proximidades da cidade de Ingolstadt, onde fica a fábrica da Audi, a 500 km de Berlim. Os primeiros testes ainda não foram marcados.

Em março passado, no Salão do Automóvel de Genebra, Audi e Airbus apresentaram um conceito de cabine de passageiros para ser acoplada tanto em um chassi de carro como em um drone. Batizado de Pop.Up Next, o protótipo tem capacidade para duas pessoas.

Em entrevista à agência Bloomberg, o ministro dos Transportes da Alemanha, Andreas Scheuer, disse que “os táxis voadores não são mais uma visão, eles podem nos levar a uma nova dimensão de mobilidade. Eles abrem novas possibilidades, incluindo o transporte médico em cidades e áreas urbanas”.

NO UNIVERSO DOS JETSONS - Quem foi criança nos anos 1960 e 1970 (a série também foi reprisada nos anos 1980, com novos episódios), certamente se encantou com a série Os Jetsons, com suas casas suspensas, os robôs e, claro, os carros voadores. Hoje, são tantos projetos em curso que nos fazem crer que o universo futurístico dos Jetsons está batendo à nossa porta.

Além dos projetos da Uber e da Audi/Airbus, existe uma série de outros, utilizando diferentes tecnologias e diferentes formatos - uns que se aproximam dos aviões, de helicópteros, enquanto outros se assemelham aos atuais drones. O que todos têm em comum é a busca de uma alternativa que seja prática, segura, que ajude a descongestionar as vias terrestres e - é, claro - que os leve a vencer essa corrida.

ROLLS-ROYCE - Há pouco mais de um mês, a britânica Rolls-Royce divulgou planos de lançar táxis voadores de propulsão elétrica e decolagem vertical, no qual as asas podem mudar de posição, facilitando pousos e decolagens. Cobrindo distâncias de até 800 km, com velocidade máxima de 400 km/h, teria capacidade para 4 ou 5 passageiros.

Na visão da Rolls-Royce, “um novo mercado no setor aeroespacial está sendo aberto para veículos elétricos de decolagem e aterrissagem, com uma combinação de novas tecnologias elétricas e autônomas, associada a com fatores externos, como uma população cada vez mais urbana e o desejo infindável da humanidade de se mudar mais rapidamente de A para B”.

KITTY HAWK - Empresa norte-americana, a Kitty Hawk - que recebeu financiamento de Larry Page, cofundador do Google - trabalha em dois projetos. Um deles é o Cora, que tem aparência de avião e asas para garantir estabilidade nos voos, mas decola e aterrissa na vertical. O objetivo é torná-lo autônomo, sem necessidade de um piloto. A companhia pretende lançar um serviço de táxi aéreo nos moldes dos aplicativos de carro, com dois lugares e capacidade para atingir 900 m de altura e velocidade de 177 km/h, com uma autonomia de 100 km. Anunciado em março, o veículo está em fase testes, sem previsão de lançamento.

O outro projeto da Kitty Hawk tem características mais recreativas. Trata-se do Flyer, misto de drone e carro voador, de operação bem simples. Segundo a fabricante, o usuário precisaria de apenas uma hora de instruções para pilotar o veículo, o que se dá através de um joystick. Fácil de usar, ele carrega apenas uma pessoa e faz 20 minutos de voo com velocidade de até 30 km/h, a no máximo 10 m de altura. O modelo funciona com dez rotores movidos por eletricidade fornecida por uma bateria de lítio. Sem data prevista para o início das vendas, o veículo está em fase de testes nos EUA.

BLACKFLY - Projeto criado pela startup canadense Opener, o BlackFly faz decolagem vertical e pode voar por cerca de 40 km a quase 100 km/h. Em desenvolvimento há nove anos, já passou por inúmeros testes e completou mais de 1.400 voos no Canadá. De acordo com a fabricante, a aeronave consome menos energia e é mais silenciosa do que carros a gasolina e elétricos e é capaz de levantar voo e aterrissar sobre asfalto, grama, neve e gelo. Este projeto também conta com financiamento de Larry Page.

EHANG 184 - Um dos modelos em estágio mais avançado de desenvolvimento, segundo a imprensa internacional, é o Ehang 184. Projeto chinês, apresentado em 2016, já contabiliza mais de 1 mil voos bem-sucedidos, em diversas condições climáticas. Autônomo, de funcionamento elétrico, tem aparência de drone (é um quadricóptero), tem câmeras integradas e não permite qualquer pilotagem ao passageiro, que deverá apenas informar o destino da viagem. Sozinha, a aeronave decola, traça a rota, desvia de obstáculos e aterrissa. Caso algo dê errado, um piloto profissional intervirá por uma estação remota. O modelo testado até aqui comporta apenas uma pessoa, mas a companhia afirma que vai produzir uma versão com dois lugares.

 

Fonte: USINAGEM BRASIL, (02/09/2018) - disponível em: http://www.usinagem-brasil.com.br/13306-a-corrida-tecnologica-pelos-carros-voadores/pa-1/

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